MPF processa cinco médicos por desvio de órgãos
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça cinco médicos do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, que desviaram órgãos de 2003 a 2007, preterindo a lista nacional de transplantes de fígado. O ex-chefe da equipe de transplantes hepáticos do HUCFF, Joaquim Ribeiro Filho, além de Eduardo de Souza Martins Fernandes, Giuliano Ancelmo Bento, João Ricardo Ribas e Samanta Teixeira Basto vão responder por peculato (crime de desvio de recursos ou bens por servidor).
A pedido do MPF, a 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro expediu um mandado de prisão preventiva contra Joaquim Ribeiro Filho e nove mandados de busca e apreensão. Eles foram cumpridos pela Polícia Federal nesta quarta-feira, dia 30, na chamada Operação Fura-Fila. A denúncia, proposta pelo procurador da República Marcello Miller, foi recebida pela Justiça, dando início ao processo penal.
O procurador considerou a prisão preventiva de Ribeiro Filho necessária à ordem pública e ao curso do processo, pois ele já vem usando a influência sobre a equipe de transplantes hepáticos do HUCFF para dificultar a apuração dos fatos. O MPF conseguiu na Justiça que os outros denunciados fossem temporariamente proibidos de fazer transplantes hepáticos. Em relação aos réus Bento, Ribas e Basto, foi ainda requerida a designação antecipada da audiência judicial, pois nesses casos é possível a suspensão condicional do processo.
A investigação começou em 2003, quando Jaime Ariston, irmão do secretário estadual de transportes, Augusto Ariston, recebeu um fígado mesmo ocupando o 32º lugar na fila única. Dois dias antes, Joaquim Ribeiro Filho foi nomeado coordenador do RioTransplante, à revelia do órgão, pelo secretário estadual de Saúde, Gilson Cantarino. A investigação foi conduzida pela Polícia Federal, em coordenação e diálogo permanentes com o Ministério Público Federal.